A ciência está enxergando a preguiça com outros olhos. De pecado capital ela foi promovida a ócio produtivo. Não é o máximo? “Nosso corpo e mente necessitam de um tempo para manter suaintegridade e a preguiça é sinal desse limite. Precisamos aprender a respeitá-lo fazendo uma pausa no dia a dia”, diz Ricardo Monezi, pesquisador do Instituto de Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ceder à preguiça (com bom senso, é claro) é uma atitude saudável, já que o descanso tem efeito calmante, melhora a circulação sanguínea, aumenta a concentração, fortalece os ossos, potencializa a visão e traz otimismo. Descubra outros benefícios e aprenda a relaxar.
Memória turbinada
Está com sono fora de hora? Vá dormir! O neurologista Leonardo Lerardi Goulart, do Hospital Albert Einstein (SP), explica que nosso relógio biológico determina dois picos de sonolência: um no início da noite e outro que ocorre cerca de cinco a oito horas depois do final do sono noturno. Essa preguiça compromete a concentração e a performance psicomotora. “Nesse momento, ao tirar um cochilo, você recupera a atenção, ativa a memória e melhora a capacidade de aprendizado”, explica o médico.
Hora da preguiça: tire uma soneca de no mínimo 30 e, no máximo, 90 minutos. O horário ideal é estabelecido pelo nosso corpo, mas ocorre, em geral, entre 12 e 16 horas.
Mente e corpo equilibrados
Quando nos entregamos à preguiça, a respiração automaticamente desacelera e aquele ritmo frenético do cotidiano cede lugar à tranquilidade. “Na ânsia de tentarmos fazer tudo o mais rápido possível, respiramos superficialmente ou prendemos o ar sem perceber, o que diminui o fluxo de oxigênio no organismo e intensifica o sofrimento físico e emocional”, diz Ricardo Monezi. Respirar certo libera a tensão e tem efeito calmante.
Hora da preguiça: durante o dia, procure um local calmo, sente-se, feche os olhos e respire lenta e profundamente por, no mínino, três vezes. Sinta o ar entrando no organismo e chegando ao cérebro.
Circulação ativada
Depois de ficar horas em pé ou sentada, a sensação de cansaço e peso nas pernas é enorme e a gente acaba ficando sem forças para mais nada. “Isso acontece porque a circulação venosa dos membros inferiores é dificultada pela gravidade e a falta de movimentação muscular. O resultado é a dilatação dos vasos, acentuando a estafa”, explica Alexandre Nicastro Filho, angiologista e cirurgião vascular e endovascular (SP). Nessa hora, pare e relaxe! Deixe a moleza dominar você.
Hora da preguiça: diariamente, ao deitar-se para descansar, coloque os pés em cima de um travesseiro. Quando estamos em repouso, a circulação venosa é favorecida e, se suspendemos um pouquinho as pernas, essa ação é intensificada. Permaneça assim por 15 minutos. Andar descalça pela casa também é benéfico, pois a atividade promove um tipo de massagem na sola dos pés que acaba estimulando a circulação sanguínea.
Mais saúde e beleza
Às vezes, o corpo dá sinal de moleza só para pedir uma pausa na correria. Nesse momento de preguicinha aproveite para comer! Os cientistas indicam consumir itens com silício, como a aveia e o mel, e até tomar uma cerveja. Estudos apontam que o mineral eleva a densidade óssea em mulheres na pré-menopausa. “O silício potencializa a fixação do cálcio no osso. Mas tome cuidado com a cerveja, pois álcool em excesso é prejudicial”, avisa o endocrinologista Wilmar Accursio (SP). O silício também melhora a hidratação da pele, estimula o crescimento do cabelo e produz queratina, que mantém a elasticidade dos vasos sanguíneos.
Hora da preguiça: inclua no menu diário um ou mais destes itens: aveia, alho-poró, cebola, aspargo, pepino, nabo, cavalinha, salsinha (um pires) e mel (duas colheres de sopa).
Um comentário sobre “Renda-se aos apelos da preguiça e ganhe qualidade de vida”
Gostaria de retificar um mal entendido após a edição da entrevista original: se está com sono fora de hora você deve procurar um especialista e não simplesmente “ir dormir”. Vários transtornos do sono manifestam-se com sonolência diurna excessiva.
A disposição para maiores esclarecimentos,
Leonardo Ierardi Goulart (neurologista)